Falece José Joaquim Samarcos
José Joaquim Samarcos retornou a Portugal com a finalidade de tratar de sua enfermidade, se estabelecendo na Rua Marques da Silva, nº 25, 1º andar, freguesia de São Jorge, Lisboa. No dia 17 de abril de 1903, a uma hora da tarde, deu entrada no Hospital Nacional e Real de São José, quarto nº 14, a fim de dar início a seu tratamento. No dia seguinte, estando sua saúde abalada, mandou chamar o Sr. José Ribeiro de Almeida Cornélio da Silva, notário da cidade de Lisboa, e a ele ditou seu testamento e últimas vontades. Às cinco horas e quarenta e cinco minutos da tarde daquele dia 18, faleceu. Seu inventário foi iniciado na cidade do Recife, no dia 11 de maio do mesmo ano, pelo Juiz de Direito de Órfãos Dr. Joaquim Alcebíades de Holanda, sendo inventariante a viúva, d. Adelayde Samarcos.
JJ Samarcos testou duas vezes: primeira vez na cidade do Recife, onde residia, segunda vez testou a 18 de abril de 1903, na cidade de Lisboa, no Hospital Nacional e Real de São José, no quarto particular de nº 14, onde se encontrava em tratamento, e residindo na Rua Marques da Silva, nº 25, 1º andar, Lisboa, em cujo testamento declarou o Tabelião que o testador estava em seu perfeito juízo e livre de toda e qualquer coação, nomeando por testamenteiro a Luiz Alves de Magalhães, residente no Estado de Pernambuco.
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“Saibam os que virem este público testamento que no anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil novecentos e treis, aos dezoito dias do mês de Abril, nesta cidade de Lisbôa e Hospital Nacional e Real de São José, quarto particular numero quatorse, onde eu José Ribeiro de Almeida Cornelio da Silva notario da referida cidade e seu comerce com escriptorio na Praça de Dom Pedro numero noventa e treis, requerido vim encontrei José Joaquim Samarcos, casado, comerciante, morador na Rua Marques da Silva numero vinte e cinco primeiro andar, em tratamento neste Hospital, pessoa de cuja identidade me certifiquei por me ter sido affirmado pelas testemunhas de meu conhecimento o que me declararam ser idôneas, abaixo nomeadas e que vão assignar e todos nós certificamos estar o testador em seo perfeito juízo e livre de toda e qualquer coacção. E logo pelo referido testador em presença das mesmas testemunhas foi dito a mim notário que queria fazer o seu testamento e ultimas desposições nos termos seguintes: Tendo como tem dito, digo, tem filhos, não lhe é licito dispor de todos os seus bens direitos e acções, mas só da terça parte de todos os seus bens direitos e acções da mesma terça e pelas forças dellas deixa a quantia de quinhentos mil reis, livres de contribuição de registro em moeda corrente n’este reino a Carolina de Jesus Antunes filha de Maria de Jesus e menor de dezenove annos. Nomeia testamenteiro a Luiz Alves de Magalhães, residente em Pernambuco, Estados Unidos do Brazil, mas que é esperado por estes dias nesta cidade. Assim disse era o seu testamento e revogs outro anteriormente feito em Pernambuco. Foram a todo este acto, testemunhas continuamente presentes Francisco Nunes Collares, cazado, comerciante, morador na rua Buenos Ayres numero dezenove. Antonio Maria Saraiva, solteiro, comerciante, morador na rua do Cêbo, numero quarenta e um. Lourenço da Silva Corte, solteiro, ajudante de enfermeiro deste Hospital e morador na Villa José d’Oliveira numero treis. Arthur Henrique Duarte, casado, praticante de enfermeiro deste Hospital morador no calçado do Forno de Tijollo numero vinte e treis. Antonio Joaquim Nunes, casado, alfaiate, morador na Travessa dos logares, numero dezessete e Germano Martins, casado, servente deste Hospital e morador na Travessa do Gaspar Trigo, numero dezoito, todos desta cidade e vão assignar este testamento depois de a todos ser lido em voz alta por mim notário por o testador declarar serlhe deficil ler e por não poder escrever, segundo o mesmo testador declarou, assigna a seu rogo a primeira testemunha. Praticaram em acto continuo todas todas as formalidades da lei e do seu cumprimento dou fé. Adiante será pago por uma estampilha de mil reis devido por este testamento. Eu notário referido o escrevi sem interrupção e vou assignar em publico e raso. A rogo do testador Francisco Nunes Collares // Antonio Maria Saraiva // Lourenço da Silva Corte // Arthur Henrique Duarte // Antonio Joaquim Nunes // Germano Martins...”.
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Certidão de Óbito: “Luiz Soares Vieira, Chefe da Repartição de acceitação dos doentes do Hospital Real de São José e annexos. Certifico que em numero setecentos quarenta e seis do livro do registro cento e cincoenta e oito de entrada dos doentes se acha o assentamento do theor seguinte: Em desesete de Abril de mil novecentos e treis, pela uma hora da tarde deu entrada no Hospital de São José, quarto particular numero quatorse José Joaquim Samarcos filho de Joaquim Samarcos e de Joanna Simões, de cincoenta annos de idade, negociante, casado com Adelaide Seve, natural de Lavos freguesia de Nossa Senhora da Conceição, Conselho de Figueira da Foz distrcto de Coimbra, residente na Rua Marques da Silva numero vinte e cinco primeiro andar freguesia de São Jorge, faleceu as cinco horas e três quartos da tarde de dezoito de Abril de mil novecentos e treis. Para constar passei a presente certidão, que vai por mim assignada e sellada com o sello deste Hospital – Repartição de Acceitação dos doentes do Hospital Real São José, Lisboa vinte e treis de Abril de mil novecentos e treis / O Chefe da Repartição Luiz Soares Vieira”.
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